segunda-feira, 15 de novembro de 2010

No princípio, éramos três. E o nosso andar tão similar promovia uma espécie de tranquilidade, que dava-nos a certeza de que tudo era uma constante. Éramos assim, Reis da nossa própria irresponsabilidade, e felizes, o mais importante, muito felizes. Meu braço esquerdo e direito, meus companheiros, a formação perfeita. Éramos assim, o essencial.
E agora... Bom, agora eu não consigo falar, nem ouvir, e mal consigo me manter em pé. A verdade é que estou esperando a poeira baixar, o problema passar desapercebido, para que eu possa enxergar a destruição, e ir aos poucos catando as migalhas. Vocês não gostavam tanto? Deveria haver uma explicação naquele quadro, algum bilhete, um rabisco qualquer, algo que me fizesse acreditar nos fatos, e parar de negar a verdade, de empurrar absolutamente qualquer dor para debaixo do tapete.
Está doendo, é verdade, mas nem essa dor eu posso sentir, porque já desconheço a minha vida, já desconheço qualquer um. Há um acidente aqui dentro de mim, e as pessoas já conseguem perceber os sinais nos meus olhos, e quanto mais elas procuram saber, mais impossível é de dividir.

sábado, 23 de outubro de 2010

"Só que homossexualidade não existe, nunca existiu. Existe sexualidade -
voltada para um objeto qualquer de desejo. Que pode ou não ter
genitália igual, e isso é detalhe. Mas não determina maior ou menor
grau de moral ou integridade."

C.F.A.


Genialidade!

domingo, 26 de setembro de 2010

sobre tantos e poucos.

Ziguezagueando pela mente o agrupado de ideias, a sincronia que se abstrai.No espelho o reflexo do que jamais se completa, é a sincronia que ainda assim se abstrai.

Começo, meio... e a ausência da última peça do quebra-cabeça. Ao alcançar os oitenta por cento, se dá conta de que no jogo falta a última parte que raciocínio algum desvenda. Chama os amigos, levanta debates, ouve atenciosamente os palpites alheios, se pergunta e se deixa perguntar, e mesmo assim, oitenta por cento.

O que é a totalidade das coisas? Se não uma resposta insuficiente?
Tomando como exemplo; essa alegria, esse sentimento que precisa ser gritado. O que seria da alegria, se fosse presente nessas ocasiões a memória impecável de um elefante? Porque é inegável o fato de que essa felicidade instantânea se dá por ignorar os fatos antes tão lamentáveis.
A totalidade das coisas está em entender o surreal, pois como tal, não existe. Somos sempre oitenta por cento, incompletos, mas suficientes. Somos uma ínfima parte do cérebro, somos incapazes de ver o universo por um todo. Fazemos o bem pela metade, o mal na sua superficialidade, e agimos com metade da vontade.

A totalidade das coisas não existe, meu caro!
Um homem não é bom em sua totalidade, assim como o mundo não é água em sua totalidade. Como as aves não têm um canto bonito em sua totalidade, e como o mundo abissal está longe da nossa noção de um todo. E é por isso, só por isso, que não conseguimos - nunca - ter o nosso melhor, o nosso total. Porque todas as outras coisas a nossa volta não estão completas, e estando incluídos nesse mundo, também não podemos estar.

A totalidade das coisas é mascarada pela nossa ambição, e quando acreditamos alcançá-la porque chegamos ao meu cargo de uma empresa, ou ao encontrar o amor, nos damos conta de que ainda existem os outros vinte por cento, que de alguma forma, se escondem e se camuflam entre os caminhos da vida.

Mas sabe, se não fosse essa falta que sempre existirá, não teríamos a necessidade de estar aqui. O mundo seria total por si só, sem buscar explicações, sem dever satisfações.
E então, a totalidade das coisas só não existe pela presença (ainda não total) da raça humana.

[...]







quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A-lugar algum.

Não adianta chorar, você pediu.
Não adianta se conter, você se expôs.
Não adianta tentar não sentir, você se permitiu a mortalidade.

Esse coração que agora insiste em bater - e que no peito ritmado continua, celebrando sozinho essa liberdade -, esse coração que é seu, assim como dele é você também, marca na pele feito tatuagem o que verdadeiramente é.

Agora tente não se conter, permita-se sentir, e aceite o pranto.
Não como um castigo imposto pela necessidade de se deixar vulnerável, mas como a dádiva de sorrir e chorar. A sensibilidade de existir, e, como poucos, viver.
Agora, habilitado a respirar sem medo, estampe o sorriso, destile a felicidade, e entenda que hoje és um homem completo, cheio de sentimentos.

E sim, o que está sentindo é dor, aliada ao medo e a dúvida. Não... não precisa tentar reprimir essa erupção que começa a dar sinais ai dentro, liberte a dor, grite-a para o mundo inteiro, esbraveje e diga que ela é sua (como és dela também). Viva esse sentimento também, porque ele é vida, assim como a vida é dele também.

Vai passar, a parte boa é que no final das contas irá melhorar. E você será outra vez mais forte, outra vez mais vivido, muito mais interessante de se conhecer. As histórias, As cicatrizes, fazem de nós homens mais interessantes...


[...]

domingo, 29 de agosto de 2010

quarta-feira, 7 de julho de 2010

às 13:00

- O que você quer de mim? Por que você está aqui?
- Eu não sei por que estou aqui...
- Qual é o seu propósito, a verdadeira intenção dessa sua atenção e preocupação?
- Eu não sei, eu juro, eu...
- O que você quer de mim? O que você vai querer no final das contas?
- Nada, eu só queria tê-lo aqui por perto...
- Não, mas isso você não pode querer! Você não tem esse direito, essa verdade, ela não é sua.

[...]

quinta-feira, 3 de junho de 2010

anything.

Esgotei a minha alma, agora eu vivo à escassez de mim mesmo, procurando no fundo do poço a reserva para restabelecer. Agora é a escassez, amanhã eu já nem sei...


domingo, 30 de maio de 2010

00:57

Eu preciso sentir a falta até que então eu precise sentir a presença.
Minha ordem não faz sentido, minhas atitudes também não.
Não faço,
Não sei,
Não há.


às cegas.

Foi tentando me aproximar de mim mesmo que fui ficando distante do que pretendia ser.
Longe da alma e das escolhas - minhas por direito - que sentenciavam os dias que haviam por vir.
Na tentativa de proferir o destino preferi então permitir a presença dos acontecimentos, e deixei a esmo o controle de mim mesmo. Sendo eu a ausência, a separação, o multicolorido e o incolor.
Inevitável sim, fui me tornando um livro de muitas histórias, incontáveis foram as marcas, incansáveis foram as lutas, inesgotável foi a minha vontade de viver. Ausentei-me do meu próprio cargo, do controle de mim mesmo, e foi assim que me permiti acontecer, livrando-me do fardo da plenitude do próprio ser.

Distanciado, desentendido do âmbito dos acontecimentos, desnorteado porque assim decidi. Descontrolei foi no meu último controle, entre tanto medo de existir e desistir.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Já tenho textos o suficiente para escrever um livro, três anos de produção.
Parabéns?

qualquer coisa às 20:21.

É preciso enxergar a vida por uma perspectiva diferente, pondo-se acima dos inevitáveis incidentes, é preciso enxergar a vida após tantos confrontos, e entender que nada ira permanecer além da experiência que é adquirida com o tempo. As migalhas que fazem de nós seres característicos - a principio - são parte de uma farsa, um engano, são pontos materiais que nos diferenciam segundo a sociedade, mas que no final das contas não tem valor.
Sim, estão enganados aqueles que dizem que não há diferença entre as pessoas, porque o que nos faz melhor ou pior, é o modo como vemos e aceitamos a história que iremos viver, porque dignidade nós não aprendemos, nós nascemos. E sendo assim, alguns entendem que mesmo apesar da rotina esmagadora que nos é imposta, apesar das voltas e reviravoltas, o que faz de nós seres diferentes e interessantes, é a presença na essência das muitas histórias que temos a contar.

Somos nós, somos sempre.





quarta-feira, 19 de maio de 2010

18:02 / 19/05/10

Voltou ao quarto, olhando em volta e tentando distorcer os fatos, convencendo-se de que absolutamente nada seria tão fatal quanto a sombra dessa tragédia. Em baixo das cobertas um abrigo, um castelo, a esperança de que não conviver com a dor levaria para sempre o pranto dessa consequência, era uma fuga, o desespero de uma alma castigada.
- Não, eu não estou errado, alguém tem que estar... - Balbuciava leve, entretanto, persistente.
Prendendo entre as pernas as lágrimas que desciam pelo seu rosto, tentando conter a sangria de uma ferida muito profunda, muito grave.
Afinal, ele não era um homem de muita sorte, e nunca fora uma criança, um adolescente, um ser humano de muitas aquisições. Existia, e esse já era um motivo bastante convincente para si próprio, era a sua maior vitória, a de permanecer. De tantas histórias mal contadas na vida terminou esbarrando na farsa de sorrir, e foi assim, que diferente de tantos outros, entendeu o fardo e ônus de negar os caprichos do destino. Um grande coração ele tinha, disto não me resta duvidas, mas a mente castigada, a alma já vazia, e ali só restava marcas.
Repousou a mão sobre o peito, e como quem segura uma jóia quebrada decepcionou-se ao perceber que ali, apesar de todas as circunstâncias e evidencias, batia um coração... E era isso que ele não entendia, se com toda certeza não havia a possibilidade, se os castigos e as artimanhas do acaso já o destruíra por um todo, por que então aquele maldito órgão bombeado a sangue ainda insistia a existir?
- Você não faz mais parte de mim, seu maldito! Você não faz mais parte de nada! - Esbravejava o homem, o pequeno homem.
Era então a duvida, e a realidade impertinente de que amanhã seria outra dia. O choro já não contido, e ali não restava mais nada, além de um menino. Alguém cuja todos os motivos de sorrir foram levados embora, que todos os olhares mais bonitos foram roubados para todo sempre. Uma vitima do que chamamos de destino, um coitado sem muitas pretensões. Se ainda tivesse um Pai, talvez fosse o certo deixá-lo ir, se ainda pudesse ter o afago dos braços da sua mãe, talvez fosse o certo deixá-la ir, se ainda assim pudesse se confortar no abraço da sua amada, ainda assim... Talvez fosse o certo deixá-la ir. Filhos, amigos, conquistas, dinheiro, soluções, talvez sempre fosse o certo deixá-los ir. Entendido isso, saberia qualquer um, que este homem estava então destinado a abrir mão sem muito questionar, sendo assim para todo a sua breve vida, um ser de muitas perdas.
Sim, ele entendia, mas e então, e o coração? Depois de tantas perdas e de só poder contar com o tempo, esse pobre homem ainda não entendia a presença no peito daquele ritmado batimento. Se a vida o tinha sentenciado a ir deixando os seus pedaços pelas épocas, por que então, aquele ainda assim, não deixava o seu peito em paz? A única partícula, o ultimo fragmento, que o fazia rastejar todas as manhãs e permanecer ali, como quem diz "esse ainda é o meu lugar".
Não tinha mais amigos, nem amores, nem família, enterrara todos, o mais recente nessa ultima manhã. E sentia, por cada um, como se fosse a primeira vez, a primeira dor, a primeira perda. E então, diante desse novo incidente lá estava ele mais uma vez, cético, seco, convencendo-se de que essa seria a ultima vez que se permitiria sofrer. Ali então, ele era a razão, o mais seguro, o mais fraco. Logo em seguida o sentimento, e assim o inicio de um novo ciclo, o acréscimo e a perda.
Era essa então a sua vida, a sua história, e os pedaços que iriam sendo deixado para trás. A experiência de conhecer, a experiência de ter que esquecer. Mas ainda assim, a presença no peito do batimento, para que então ele não pudesse desistir, e seguir, dia após o outro, entendendo que a caminhada só funciona se for assim. A noite indo embora, a chuva chegava ao fim, bom dia, coração! É hora de sorrir!

Um adeus ao quarto, a cama, ao soluços do seu choro, um adeus e a despedida desse seu mais recente (e não o ultimo) pranto.




quarta-feira, 12 de maio de 2010

12 de maio.

Meu medo é o de acreditar na felicidade, meu caro!
E parece que é chegada a hora, a decisão, o ponto entre permanecer com o martírio ou se jogar à oportunidade de sorrir. Minha coragem, meu sorriso tentando ser sincero. A cegueira e a surdez, a necessidade inadiável de esquecer-se, sendo assim não mais eu, mas o que eu pretendo ser. Projetar-se então, sendo eu o que vou ser, sendo não medo, sendo amor.



quarta-feira, 28 de abril de 2010

partes.

Eu gosto é da nuca, do jeito magnífico que os cabelos contornam o pescoço, e do aroma inebriante que se coloca ali, como uma arma letal. [...]

Das costas que se armam em postura, de como marcam a camisa e fazem um contorno absolutamente divino. [...]
O bom humor, o perfume, o pescoço, o cabelo bagunçado de manhã, e a maneira ( para mim quase impossível) de ainda assim fazer disso uma beleza incontestável.

terça-feira, 27 de abril de 2010

19:25

Das ressacas no mar, aquela era a que ele não conseguia lembrar um dia pior. E aos ferozes ataques às paredes das ruas, ele com calma observava, e concluía sem mais, que antes nada fora tão destruidor quanto agora era.
No molhado das ondas via à tona o seco da movimentação, que antes fora sonho, antes fora o alimento para um bom e velho sonhador. Não bastasse o fim, agora então o inicio de um ataque sem muitas cordialidades, apenas o ataque, nada mais. A guerra sem nome, sem data. O fim do drama e o inicio dos acontecimentos... A ausência do espaço para o pensar, e o desapego obrigado das verdades, o desapego obrigado das verdades. [...]





domingo, 25 de abril de 2010

virgula.

" É evidente, é óbvio, é quase que ridículo!"

Exclamando entra uma pausa e outra dos seus ataques de raiva, entre os seus punhos cerrados, entre os seus olhos de um sentimento em ebulição.
A incontestável verdade da descoberta até então esquecida (ou negada) de que a estrada e seus planos uniam-se em um caminho de atrito, da discórdia entre duas vertentes que insistiam em se anular. Era a estrada - a verdade, o inegável - e os planos impossibilitados da mente de um sonhador.
Esqueceu-se na gaveta do escritório, nas cobertas da cama, na chuva lá fora, nos olhares desapercebidos de tantos caminhantes das ruas movimentadas... Esqueceu e foi desentendendo o que por obrigação deveria ser dele/ele - e era, porque só era.
Por isso que após muitos devaneios ele se encontrava ali, a distribuir socos e ponta-pés a sua surrada cômoda de muitos anos. Uma batida, outra, e muitas outras que deram continuidade a uma sequência de contestações.
- Descoberta -s.f. Coisa que se descobriu; descobrimento; achamento; invenção; invento.
E foi assim, que descobrindo alguém chorou, que descobrindo alguém não deparou-se com a surpresa, mas sim com a necessidade de esquecer. Enganado estava aquele que supôs o fardo a partir da dor do espetáculo, já que foi muito antes, em algum lugar, que o homem encontrou e escondeu um fantasma inevitável.
O silêncio então recaiu sobre o fim da tarde, e dentro do cômodo vazio, ali estava aquele homem de pé, a carranca convencida pela realidade da vida. O corpo que mostrava sem muito pedir aquilo que obviamente destruíra aquela pobre alma. E foi esquecendo que ele aprendeu a lembrar, foi esquecendo que depois de suas muitas voltas pela vida, ele convenceu-se que o destino é impossível evitar.
Sentou-se e respirou sereno, fitou por alguns instantes os últimos raios de sol do dia, e levantando se dirigiu para a saída mais próxima, olhando conformado para o lugar onde seria sempre o seu refugio, a sua fuga e a misericórdia de quem o sentenciou a ser/estar.
Trancou a porta convencido de que aquele era um ato tão estúpido quanto a sua submissão à estória do seus dias, mas trancou, porque nada mais poderia mudar aquilo. O livro velho guardado na última prateleira, esquecido por aqueles que jamais desejaram ler sobre o pranto constante de um injustiçado, as páginas já rasuradas por alguns que se arriscaram a entender e mudar o rumo, a capa sem muito remendo, apenas mal-tratada e sem muitos olhares de atenção.
Foi assim que contou-se sem muito prestigio, a estória de um homem em uma sala vazia, de um ataque sem muitos efeitos, de uma trajetória sem muitas opções. A estória de um homem sozinho, destinado assim pelo destino à solidão.

-"É em vão, meu caro, em vão."


domingo, 18 de abril de 2010

só sei.

São os meus devaneios - meus passos perdidos, meus dias sem muito entender - e a hora que em um "tic-tac" sem ritmo vai contando a melancolia do existir. Meu revirar sem objetivo na cama, meu sentimento de incapacidade de não poder controlar nem o meu próprio sono.

Antes fosse o raciocínio mutilado, mas não, é o meu pensamento mais constante e infinito.
Antes fosse mais fim do que começo, mas não... É começo, meio e fim.
Esse sou eu, e a incansável rotina de não ser, antes que seja, antes que desapareça.






O ato de ser, não ser, descer. ~


domingo, 28 de março de 2010

No teatro.

"Eu só queria saber se você deixou de acreditar em mim!" - Ele disse, e certamente era o que estava sufocado no peito.
Perdido como uma formiga no oceano tentava embaralhar mais um pouco as informações na cabeça com a esperança de que voltassem ao seu lugar habitual. Mais uma, uma outra, mais tantas vezes e ele se entregava ao chão do seu cansaço.
"Eu só queria saber se você ainda tem fé!" - Berrava tantas e tantas vezes ao vento, ao espaço antes prova viva da presença de uma respiração serena, de um olhar enigmático.
Urrando entre um intervalo e outro dos seus acessos de pânico e raiva, fitando os próprios pés - de um sapato surrado, um produto barato - e as mãos, rezando baixo uma prece lamentável, que insistia em pedir, e pedir.
De joelhos ele sentia cada gota de uma chuva calada, de uma dor que seguia sem grandes atuações, de uma surpresa que não surpreendia, da linha constante que até no pranto era sempre tão constante. É porque doía, como nenhuma arma poderia causar, e nenhum remédio poderia curar. Era uma revolta que passava em branco para o mundo inteiro, era um episódio que não modificava em nada a história da população. Uma carga infinita para apenas um cidadão desfavorecido de força.
A vida não podia, não tem tinha esse direito, o combinado era um aviso prévio, alguns poucos e bons momentos para se preparar e aceitar - desacreditar na vida - e por fim deixar com o tempo.
Na teoria existe a perfeição, mas a vida nunca foi muito boa em jogos.
Jogou todo o seu peso e caiu na lama sem muita pretensão, olhou para o céu e esperou vir alguém, algum, qualquer um, qualquer ajuda. Só precisava de um pouco de explicação, talvez alguns momentos sem a rotação da terra, só alguns momentos realmente e literalmente dele.
"Você perdeu a fé em mim não foi?" - Disse sem mais, quase inaudível.
Olhou sem muita pretensão o céu, e se calou. Ouvia-se apenas o barulho da chuva a fazer a sua sinfonia. Ele respirou como quem não queria existir, respirou fundo na esperança de uma fuga, e não se mexeu para esquecer que ainda tinha um corpo. Ele já sentia falta, ele já entendia o vazio de si mesmo. Era a ausência antes presente, era a presença de uma ausência agora tão persistente.
Os olhos enigmáticos, o sorriso sem compromisso, o jeito simples de fazer birra, o jeito fácil de fazer apaixonar.
Ali, deitado junto à chuva, ele lembrava o quanto nunca gostou da matemática, e o quanto ela sempre se fez presente (nas horas erradas) na sua vida. Essa geometria não fazia nenhum sentido, era o típico problema matemático que qualquer um teria vontade de jogar pela janela e começar um caso amoroso com o professor por uma boas notas no final do ano. Sua vida mudara assim, sem muito explicar, 360 graus e sem livro algum para estudar. Foi um golpe baixo, que veio apenas para desequilibrar o que ele levava suavemente pelos dias que corriam. Derrubara tudo o que mais amava, e depois deixou-o ao léu, na falta de mudança de uma dor constante e invisível ao mundo.
No pensamento o desespero, a esquizofrenia de uma mente violada, a sangria sem fim das lembranças que já iam se apagando e jamais poderiam ser refrescadas outra vez. Ele estava furado, e sentia cada gota da sua metade se esvair, indo por entre os dedos, por entre os braços, juntando-se a lama e por fim sumindo no ar. Repassando seus olhos por cada pedacinho de espaço, e se perguntando entre os soluços do seu choro apertado - "Onde você está?".
Não havia a mínima possibilidade de acreditar, essa dor não fazia sentido, esse dia não fazia sentido, essas lágrimas e a chuva, nada fazia sentido. Ele se recusara a acreditar, e naquela poça de lama que já se formava a sua volta, ele repetia para si mesmo, que esse pesadelo um belo dia iria passar.
"Me responde, não me deixa assim!" - Ele tentou mais uma vez, e inconformado lutou contra essa piada sem graça, se questionando sobre essa dificuldade de falar com quem até então fazia fluir todas as palavras.
E foi ali, no chão, na chuva, que ele se sentenciou (ou foi sentenciado) a viver a ausência da presença. A presença da ausência de uma dor.
Uma mente que ia consolando o próprio cansaço, que ia ser recompondo e aprendendo a própria lição não ensinada, tentando colocar qualquer coisa no lugar, qualquer mínimo detalhe que permitisse a dignidade de se por em pé. As horas foram passando, a chuva já não mais gritava o seu silencio do lado de fora, ela estava dizendo que já acabara o tempo, o show chegara ao fim, e não era mais adequado permanecer. O mundo e todo mundo precisava continuar a vida, e o corpo caído na lama de alguma forma ia contra o tráfego dos que já podiam ficar de pé. A falta, as palavras amarguradas, e o homem que sente à ausência. O fim de um luto que tinha hora marcada para acontecer e desacontecer, e o desafio inoportuno de se erguer mais uma vez. Tentar continuar a encarar os dias, e entender que essa deficiência não é o direito deixar passar com o vento, e que a sobrevivência vai com a dor que parece deixar impossível o ato de respirar.

"Se o homem foi feito para nos ser privado, de que vale a presença de um alguém que logo mais irá sem aviso algum? De que vale o apego? Se o que nos resta é esse desemprego de nós mesmos."



quarta-feira, 24 de março de 2010

~


Música que alimenta o coração.

Aprendi.

Aprendi com o vento que nossa leveza de ser é passageira.
com as pessoas que nenhuma verdade é absoluta.
o direito ao silêncio.
que o tempo muda.
que poucos são os estados constantes.
nada além das mentiras que conto para mim mesmo.
que quem sempre leva sempre traz.
tanto que vivo a ilusão do não saber.
tempo e há muito mais tempo.
quanto vale a dor da saudade.
a perder de forma digna.
tempo, tanto tempo...

domingo, 21 de março de 2010

Ando preocupado com o nível do que escrevo aqui, tenho medo de me banalizar e expor xarope.

sábado, 20 de março de 2010

sobre tanto descaso.

"Estou cansado!" - Foi o que ele falou, em meio aos zumbidos da cidade lá fora. Apenas suspirou e exclamou como quem queria ser compreendido.
Não estava cansado da rotina incessante, do casamento frustrado, das reviravoltas de uma vida que tinha um certo gosto pela desgraça. Não estava esgotado pelo dia cansativo de trabalho, pelos problemas que insistiam em se aglomerar de forma desorganizada em sua cabeça, e nem pelo engarrafamento agora tão constante pelo emergir dessa cidade até então pequena.
Não, ele não estava cansado pelos fatos ou suspeitas...
Estava cansado dessa vida que sempre fez dele uma vítima, do descaso do destino com essa alma tão humilde, e cansado de tentar entender por que a felicidade já não batera a porta. Estava esgotado, exaurido, acabado, e foi assim que ele disse em duas palavras - como quem só precisava ser compreendido- a frustração entrelinhas de um antigo sonhador.
Disse apenas porque pensou alto, e só o fez porque em seus pensamentos adormecidos já existia um alguém que não queria mais lutar, mas pedia com a mesma bravura de quem empunha uma espada, para que chegasse ao fim essa batalha de tantos anos.
"Estou cansado!" - Foi exatamente o que ele falou, e certamente não o que ele quis dizer.
Estava cansado, na essência, na raiz de uma vida nada generosa.



domingo, 28 de fevereiro de 2010

O momento em que me refugio do resto do mundo talvez seja o momento mais esperado do dia. É quando posso fechar a porta e acreditar que o trem deu uma pausa, um tempo de descanso, algumas horas para esquecer que são incontáveis os dias que estão por vir.
Esse momento é singelo, é sereno, e dentro deste quarto eu só posso me ouvir, entender e refletir tudo que se vê separado de mim.
Talvez eu seja meio louco, anti-social e fechado... Talvez. Mas é que meu silencio é meu tesouro, e é involuntário o alivio que se dá. Faço silencio como amo, calo na tentativa de dizer, e dói na tentativa de não sentir, só pensar.
O momento que me refugio do resto do mundo é mágico, e se faz sentir até no ar, que de um jeito discreto diz para os ouvidos que estão aptos a escutar, sussurra de leve, mas diz, diz como quem pretende marcar... "você pode respirar".

esteja.

A estabilidade é algo que criamos para nos tranquilizar, mas que só existe na nossa mente que brinca de "faz de conta". Nada está tão estável quanto aparenta estar, e tão seguro como pensamos.
Na verdade, em questão de segundos, essa estabilidade se esvai em desastres e mudanças, em revoltas e tempestades, e tudo a nossa volta não é nada além de uma linha bem torta que vai sumindo a cada segundo que se passa.
Vamos nos perdendo entre discursos e pronuncias, nos afundando nas coisas que foram ditadas por nós. Desentendendo o entendido e ajoelhando-se por fim, sem entender, sem se pronunciar.
Não existe estabilidade quando nos damos conta de uma avalanche de informações que nos veio, que sem perguntar se abrigou à nossa porta. Nem estabilidade nas idéias de quem perdeu não a vida, mas tudo que a abastecia e fazia valer o significado.

Nada está tão estável quanto parece estar...



domingo, 14 de fevereiro de 2010

Winter Song, da Sara Bareilles e a Ingrid Michaelson.
Linda!

estou me mudando mais uma vez.

-"Para que não te perturbe!"
Eu realmente ouvi isso?
Na verdade, venho me perguntando desde então se eu realmente ouvi e vi tudo isso.
Há uma realidade convencional, seu mundo de sempre, seus dias baseados em algo e/ou em alguém, e bastam alguns segundos e fim, tudo isso tem que mudar.
Eu realmente estou ouvindo tudo isso?
Onde foi parar as minhas idéias, meus conceitos, minha própria realidade?
Onde foram parar os meus discursos certos, a minha certeza no viver, as minhas palavras tão firmes?
Eu estou tentando entender, inspirar toda essa neblina que se pôs a minha frente, reorganizar as imagens, colocar cada ponto no seu eixo, e fazer disso algum sentido, alguma razão para continuar com o que estava sendo.

O que eu estava sendo? O que eu estava vivendo?
Se não uma realidade inventada, omitida, planejada.
Se não um mundo sem sentido, sem informações, sem visão.

E então, o que eu estava vivendo?
Eu não posso acreditar no que estou ouvindo, não quero acreditar no que estou vendo.
Se já não era o meu herói, já não és mais nada além de cinzas.
Uma falsa moral, um discurso decorado, e nenhuma palavra baseada, e nenhuma palavra verdadeira.

Quem és tu? Se não um desconhecido do acaso, se não o vazio.
Quem és tu?

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

à sete chaves.

Há lembranças que a gente nunca viu, lembranças que não nos pertence, mas que diante de sua intensidade nos toca o coração e nos leva a crer que não existiu nada mais bonito.Lembranças são como um retrato, um retrato de um momento que nos faz suspirar mesmo tantos anos depois.
Lembranças são guardadas no peito feito tesouro à sete chaves, e só é assim porque no fim são elas que nos fazem o que somos, o que seremos, e o que já fomos.

E então, após optar por se impregnar das lembranças de alguém, você passa a entender esse alguém de um ponto de vista muito distinto. Porque para você o mundo passou a se organizar de uma forma diferente, e a diversidade desse mundo te parece muito mais fascinante do que antes.
Não importa a lembrança de quem, só importa é que há uma essência. E sendo nossa ou sendo dada, lembrança é feita para sentir, e dar-se a oportunidade de tal nós faz a diferença de uma vida corriqueira ou toda cheia de recordações.

Há lembranças que a gente nunca viu, mas sentiu.
Sentiu porque se permitiu entender que é esse o tesouro dos homens. Aquilo que guardado na mente está, e que apesar dos anos não se muda, não se altera, apenas permanece para fazer entender que a maior qualidade do homem é ser um ser naturalmente cineasta.

É como um retrato, um filme, uma novela diária.
Tantas cenas, histórias, e roteiros sem fim.

Por isso, um homicídio as vezes tão mais culposo é matar uma lembrança. É privar-se de ouvir, nem que por um minuto, aquilo que alguém tem para te contar. Tanto faz a lembrança, antiga ou nova, de ontem ou de amanhã, é raro e exclusivo, e deve-se sempre ouvir atentamente.
Há lembranças que a gente nunca viu, mas sentiu. Sentiu porque transbordava o coração, a alma, e todas as barreiras mais. Sentiu porque um átomo não seria capaz de conter, e porque o tempo(senhor da razão) fez dela uma garrafa de vinho envelhecida, tão mais preciosa, tão mais gostoso de beber.
Lembrança nossa ou lembrança vossa, a certeza é que sempre há, e não importa a circunstância, lembrança é sempre tão lembrança.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

reclusão.

Ter consciência que há amor e não poder se confortar no calor dele, é como se nos privássemos do nosso sangue, e o vazio que vem logo depois faz questão de preencher o conceito. Sem sangue então, morreríamos secos, assim como uma folha que cai de uma árvore no outono. E se não é suficiente, talvez essa folha só caia no verão, em um lugar onde o clima é seco e não há vestígios de qualquer umidade. Seco como um verão vermelho, como a descrição de uma sertão de "asa branca", de um Luiz Gonzaga que escreve a miséria de um povo eternamente cheio esperança.
Há amor, só não há um poço para saciar-se, e como conveniente é, não existe qualquer sinal de ajuda, apenas você e o nada, e um poço todo cheio daquilo que na ausência te causa o sofrimento de uma vida sempre seca.

Ter consciência que há amor e não poder tocá-lo é como uma vida seca toda cheia de miséria, procurando nas migalhas um motivo qualquer para sorrir, e fazer em cima disso um suporte para felicidade. E se faz feliz, e sorri, porque isso alimenta a alma e a transcende, e junto a ti tudo aquilo que faz existir.

Há amor, não há um meio.
Há sorriso, há felicidade.
Sem amor, com amor, sobrevivendo.
É assim que se existe.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

rabiscando.

Essa sensação de incapacidade me acompanha já faz um tempo, e eu já nem sei quem eu era antes de tê-la(ou ela me ter). Aos meus olhos a evidente perfeição, talvez seja por isso que eles sejam tão bonitos, para agraciar todas as coisas que seriam perfeitas para mim, mas que infelizmente não se juntou ao que deveria ser. É de ventura tudo aquilo que me rodeia e me diz como que num sussurro fatal - "Isso não te pertence, mas foi feito para você!"-. Faz sentido? Talvez o nexo faça parte das coisas que se encaixam, e fui eu, que nesse quebra-cabeça desfalcado ainda não encontrei o encaixe.
As coisas tão mais bonitas que poderiam ser, e não são. Por que? Às vezes eu procuro me convencer que essa questão independe de fatores externos e só vem a depender de mim.

Mas e aí? Desfaz e refaz e o mundo gira da mesma forma, com os retratos bonitos ao meu olhar... Só no olhar.

domingo, 24 de janeiro de 2010

entender dói.

E aqui ele diz, que com a angustia tomou-se do direito de privar dos outros às suas palavras. - Ele disse, e da minha angustia me dei o direito de respirar forte feito um touro.

Respirei pela necessidade de continuar vivo, pela necessidade de entender.
Respirei porque precisava me manter de olhos abertos, porque a partir deste momento eu pude entender o que há muito era um enigma.

Repassei vagarosamente o que tinha aprendido nas aulas de teatro, me lembrei de "inspirar e expirar", e por fim, voltei a abrir os olhos e encarei dolorosamente à verdade que estava sobre eles. - "Sempre houve um outro nível, não?" - Foi o que eu disse entre um sussurro e outro.

Sussurros a parte, eu sei, cheguei ao meu ponto mais alto. E é alto, é muito alto! Você que tomou-se do direito de não falar, já que o mundo para você é feito do ar, e de todas as coisas nele, que são feitas de uma só letra, um só nome.

Me desculpe, estou voltando! É que de agora em diante, a luta por um olhar, por uma palavra de orgulho, acabou. Você só será daqui para frente aquilo que se predestinou a ser, e nessa engenhosidade toda, talvez um dia enxergue, que aqui já habitou um homem com sede de vitória e um coração cheio de paz. Mas já dizem muito bem, as pessoas tem um gosto "escroto" pelas coisas que não prestam.

E eu já não me importo, pasme.

02:32

Por mim, ficaria postando essas coisinhas até amanhecer.
Escrever me abastece.

02:23

Essa hora de madrugada e meu player tocando uma música "bobinha" qualquer...
E ela diz "quero estar no teu caminho feito raio de sol".
Eu deveria estar na cama, não é? Deveria mesmo - A verdade é que gosto muito de me tratar mal e fingir que não ligo.

Eu ligo, é verdade. E meu romantismo é uma coisa extremamente evidente.
Ando tão evidente que até me pego distraído pensando como justificar.
Não há justificativas...

Romantismo é fenótipo ou genótipo?

sábado, 23 de janeiro de 2010

não sei se é a palavra certa.

Meu maior sonho é se apaixonar, viver um amor de dois.
Meu maior sonho é perder o ritmo da respiração quando o telefone tocar, é entender que os olhos não conseguem captar aquilo que evidentemente está no ar.
Meu sonho está nos momentos que um sorriso já conta mil histórias, e que a sintonia se torna grande com um só toque, um só olhar.

Sonho com as tardes de filme, do calor aconchegante do corpo, da vontade de esquecer-se do mundo lá fora. De entender que o mundo não faz mais sentido antes de ser dois, de caminhar para uma vida que só existe por ser compartilhada, de agraciar cada mínimo detalhe do dia, porque essas 24hs parecem pouco demais para viver-se ao lado. Sonho com o medo de perder, com o pânico em saber que a morte até então tão facilmente evitada, torna-se muito mais temível, porque a vida, o mundo, e todas as coisas passaram a fazer sentido, não só por você, mas por dois.

Meu maior sonho é o de se apaixonar, como se não houvesse amanhã, como se o Sol fosse então apagar. Meu maior sonho é começar a viver, é nascer outra vez, mas dessa vez por dois, só por dois.

22:30

O que me assusta são as coisas que independem de mim. Sou tomado por um sentimento de independência gigante, e sendo ele tão imenso, não há nada que possa não depender.

Estou assustado, é verdade, mas isso também independe de mim.

Você sabe o que devo fazer?
Nunca foi tão difícil baixar a guarda.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

sobre qualquer coisa.

Essa vulnerabilidade é o veneno mais certo para me matar...
É, isso eu já sei.
Mas eu só preciso de um soprinho do vento, um empurrão do destino, qualquer ajuda que seja, por menor que for. Eu só preciso dessa certeza, preciso que dê certo.

Porque estou comprometido, estou me envolvendo, estou me jogando, procurando novas relações, novas oportunidades, eu estou indo atrás. Mas assim não vai dá certo, porque eu tenho poucas chances para escolher, e quando escolho, quando entendo por valer a pena, outras forças e vibrações agem contra isso, e quando eu sorrio em expectativa, é como se eu fosse atingido por uma bala, por uma bala de um criminoso que me diz sem nenhuma compaixão... "volte para o seu lugar!".

E sem alimentar esse sentimento dentro de mim, ele não crescerá! Eu entendo de cultivar, e sei que se ele continuar sem adubo, ele morrerá de uma vez por todas.
Essa terra já começa a ficar infértil, e meu desespero começa a ser inegável, não há mais tempo, só há alguns tiros, e eu preciso ser certeiro.

Então essa é a única coisa que peço, um pouco de adubo. O resto você pode deixar por minha conta...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

08 de janeiro de 2010.

Bom... Fui procurar "Partido alto" para colocar aqui, uma música do Chico Buarque sendo interpretada pela Cássia, mas depois de algumas tentativas frustradas me permiti só pesquisar, e aí coloquei "Cássia Eller" na barra do YouTube e fui surpreendido com "Luz dos olhos," que o Nando Reis escreveu para ela. E foi impossível não vir a cabeça, que essa foi uma das mais lastimáveis perdas da música brasileira. E se foi...

Cássia Eller - Luz dos olhos.


Vejamos...

Dia desses, sentado lá fora, me engatei num raciocínio peculiar, pelo menos para mim.
Me perguntei de onde vem o bom senso... Você sabe me responder?

Me perguntei de onde vem aquela sensação de medo ou nervosismo, quando você está prestes as fazer algo que não deveria. Quando você chega em algum lugar, no qual não deveria estar, e de repente cai a ficha. Por que raios a ficha cai?
Por que nos é impossível se manter alheio a situação, até que ela aconteça, num baque só?

Seria tão mais fácil, sabe? Não ter noção de que estamos sendo mandados a guilhotina, e sorrir calmo até que no fim caia a lamina e corte o fio que nos liga a esse mundo.

Não ter esse senso nos deixaria mais calmos, ao ponto de nos esquecer, e esquecer as regras que formaram o nosso ser. E aí eu respondo a minha primeira questão, o bom senso vem de nós, do mundo, e tudo que nos envolve. Nascemos, crescemos, e saímos do útero das nossas mães dados a receber essas informações, que formaram essas teias que ditam nossas ações.

E então, percebemos que as maiores forças e armas não estão no meio material, mas sim dentro de nós, na mente, que forma e se deixa formar. A ponto de não precisar de alguém nos alertando, depois de um tempo já nos alertamos, e é aí que vem o frio na barriga, a sensação do errado, a sensação do ridículo.

Eu não posso conhecer porque é muito menos para mim.
Eu não posso me envolver porque é perigoso demais.
Eu não sei se consigo, porque me parece assustador demais.

E no final das contas somos o que? Marionetes!
É desse ponto que se vai toda esse discurso adolescente, somos marionetes, e isso já está impregnado em nós na maternidade. Acho que alguma daquelas enfermeiras coloca esse chip imaginário, que vai nos dizer durante toda a vida o que fazer, pra que fazer, por que fazer.

Seria então os hospitais os principais culpados pelos problemas do mundo?
Vai saber...

Olá!

Boa noite, 2010!
Ainda não nos conhecemos muito bem, mas acredito que 2009 tenha te passado as informações necessárias.

Muito prazer, me chamo André!