quarta-feira, 28 de abril de 2010

partes.

Eu gosto é da nuca, do jeito magnífico que os cabelos contornam o pescoço, e do aroma inebriante que se coloca ali, como uma arma letal. [...]

Das costas que se armam em postura, de como marcam a camisa e fazem um contorno absolutamente divino. [...]
O bom humor, o perfume, o pescoço, o cabelo bagunçado de manhã, e a maneira ( para mim quase impossível) de ainda assim fazer disso uma beleza incontestável.

terça-feira, 27 de abril de 2010

19:25

Das ressacas no mar, aquela era a que ele não conseguia lembrar um dia pior. E aos ferozes ataques às paredes das ruas, ele com calma observava, e concluía sem mais, que antes nada fora tão destruidor quanto agora era.
No molhado das ondas via à tona o seco da movimentação, que antes fora sonho, antes fora o alimento para um bom e velho sonhador. Não bastasse o fim, agora então o inicio de um ataque sem muitas cordialidades, apenas o ataque, nada mais. A guerra sem nome, sem data. O fim do drama e o inicio dos acontecimentos... A ausência do espaço para o pensar, e o desapego obrigado das verdades, o desapego obrigado das verdades. [...]





domingo, 25 de abril de 2010

virgula.

" É evidente, é óbvio, é quase que ridículo!"

Exclamando entra uma pausa e outra dos seus ataques de raiva, entre os seus punhos cerrados, entre os seus olhos de um sentimento em ebulição.
A incontestável verdade da descoberta até então esquecida (ou negada) de que a estrada e seus planos uniam-se em um caminho de atrito, da discórdia entre duas vertentes que insistiam em se anular. Era a estrada - a verdade, o inegável - e os planos impossibilitados da mente de um sonhador.
Esqueceu-se na gaveta do escritório, nas cobertas da cama, na chuva lá fora, nos olhares desapercebidos de tantos caminhantes das ruas movimentadas... Esqueceu e foi desentendendo o que por obrigação deveria ser dele/ele - e era, porque só era.
Por isso que após muitos devaneios ele se encontrava ali, a distribuir socos e ponta-pés a sua surrada cômoda de muitos anos. Uma batida, outra, e muitas outras que deram continuidade a uma sequência de contestações.
- Descoberta -s.f. Coisa que se descobriu; descobrimento; achamento; invenção; invento.
E foi assim, que descobrindo alguém chorou, que descobrindo alguém não deparou-se com a surpresa, mas sim com a necessidade de esquecer. Enganado estava aquele que supôs o fardo a partir da dor do espetáculo, já que foi muito antes, em algum lugar, que o homem encontrou e escondeu um fantasma inevitável.
O silêncio então recaiu sobre o fim da tarde, e dentro do cômodo vazio, ali estava aquele homem de pé, a carranca convencida pela realidade da vida. O corpo que mostrava sem muito pedir aquilo que obviamente destruíra aquela pobre alma. E foi esquecendo que ele aprendeu a lembrar, foi esquecendo que depois de suas muitas voltas pela vida, ele convenceu-se que o destino é impossível evitar.
Sentou-se e respirou sereno, fitou por alguns instantes os últimos raios de sol do dia, e levantando se dirigiu para a saída mais próxima, olhando conformado para o lugar onde seria sempre o seu refugio, a sua fuga e a misericórdia de quem o sentenciou a ser/estar.
Trancou a porta convencido de que aquele era um ato tão estúpido quanto a sua submissão à estória do seus dias, mas trancou, porque nada mais poderia mudar aquilo. O livro velho guardado na última prateleira, esquecido por aqueles que jamais desejaram ler sobre o pranto constante de um injustiçado, as páginas já rasuradas por alguns que se arriscaram a entender e mudar o rumo, a capa sem muito remendo, apenas mal-tratada e sem muitos olhares de atenção.
Foi assim que contou-se sem muito prestigio, a estória de um homem em uma sala vazia, de um ataque sem muitos efeitos, de uma trajetória sem muitas opções. A estória de um homem sozinho, destinado assim pelo destino à solidão.

-"É em vão, meu caro, em vão."


domingo, 18 de abril de 2010

só sei.

São os meus devaneios - meus passos perdidos, meus dias sem muito entender - e a hora que em um "tic-tac" sem ritmo vai contando a melancolia do existir. Meu revirar sem objetivo na cama, meu sentimento de incapacidade de não poder controlar nem o meu próprio sono.

Antes fosse o raciocínio mutilado, mas não, é o meu pensamento mais constante e infinito.
Antes fosse mais fim do que começo, mas não... É começo, meio e fim.
Esse sou eu, e a incansável rotina de não ser, antes que seja, antes que desapareça.






O ato de ser, não ser, descer. ~