domingo, 30 de maio de 2010

00:57

Eu preciso sentir a falta até que então eu precise sentir a presença.
Minha ordem não faz sentido, minhas atitudes também não.
Não faço,
Não sei,
Não há.


às cegas.

Foi tentando me aproximar de mim mesmo que fui ficando distante do que pretendia ser.
Longe da alma e das escolhas - minhas por direito - que sentenciavam os dias que haviam por vir.
Na tentativa de proferir o destino preferi então permitir a presença dos acontecimentos, e deixei a esmo o controle de mim mesmo. Sendo eu a ausência, a separação, o multicolorido e o incolor.
Inevitável sim, fui me tornando um livro de muitas histórias, incontáveis foram as marcas, incansáveis foram as lutas, inesgotável foi a minha vontade de viver. Ausentei-me do meu próprio cargo, do controle de mim mesmo, e foi assim que me permiti acontecer, livrando-me do fardo da plenitude do próprio ser.

Distanciado, desentendido do âmbito dos acontecimentos, desnorteado porque assim decidi. Descontrolei foi no meu último controle, entre tanto medo de existir e desistir.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Já tenho textos o suficiente para escrever um livro, três anos de produção.
Parabéns?

qualquer coisa às 20:21.

É preciso enxergar a vida por uma perspectiva diferente, pondo-se acima dos inevitáveis incidentes, é preciso enxergar a vida após tantos confrontos, e entender que nada ira permanecer além da experiência que é adquirida com o tempo. As migalhas que fazem de nós seres característicos - a principio - são parte de uma farsa, um engano, são pontos materiais que nos diferenciam segundo a sociedade, mas que no final das contas não tem valor.
Sim, estão enganados aqueles que dizem que não há diferença entre as pessoas, porque o que nos faz melhor ou pior, é o modo como vemos e aceitamos a história que iremos viver, porque dignidade nós não aprendemos, nós nascemos. E sendo assim, alguns entendem que mesmo apesar da rotina esmagadora que nos é imposta, apesar das voltas e reviravoltas, o que faz de nós seres diferentes e interessantes, é a presença na essência das muitas histórias que temos a contar.

Somos nós, somos sempre.





quarta-feira, 19 de maio de 2010

18:02 / 19/05/10

Voltou ao quarto, olhando em volta e tentando distorcer os fatos, convencendo-se de que absolutamente nada seria tão fatal quanto a sombra dessa tragédia. Em baixo das cobertas um abrigo, um castelo, a esperança de que não conviver com a dor levaria para sempre o pranto dessa consequência, era uma fuga, o desespero de uma alma castigada.
- Não, eu não estou errado, alguém tem que estar... - Balbuciava leve, entretanto, persistente.
Prendendo entre as pernas as lágrimas que desciam pelo seu rosto, tentando conter a sangria de uma ferida muito profunda, muito grave.
Afinal, ele não era um homem de muita sorte, e nunca fora uma criança, um adolescente, um ser humano de muitas aquisições. Existia, e esse já era um motivo bastante convincente para si próprio, era a sua maior vitória, a de permanecer. De tantas histórias mal contadas na vida terminou esbarrando na farsa de sorrir, e foi assim, que diferente de tantos outros, entendeu o fardo e ônus de negar os caprichos do destino. Um grande coração ele tinha, disto não me resta duvidas, mas a mente castigada, a alma já vazia, e ali só restava marcas.
Repousou a mão sobre o peito, e como quem segura uma jóia quebrada decepcionou-se ao perceber que ali, apesar de todas as circunstâncias e evidencias, batia um coração... E era isso que ele não entendia, se com toda certeza não havia a possibilidade, se os castigos e as artimanhas do acaso já o destruíra por um todo, por que então aquele maldito órgão bombeado a sangue ainda insistia a existir?
- Você não faz mais parte de mim, seu maldito! Você não faz mais parte de nada! - Esbravejava o homem, o pequeno homem.
Era então a duvida, e a realidade impertinente de que amanhã seria outra dia. O choro já não contido, e ali não restava mais nada, além de um menino. Alguém cuja todos os motivos de sorrir foram levados embora, que todos os olhares mais bonitos foram roubados para todo sempre. Uma vitima do que chamamos de destino, um coitado sem muitas pretensões. Se ainda tivesse um Pai, talvez fosse o certo deixá-lo ir, se ainda pudesse ter o afago dos braços da sua mãe, talvez fosse o certo deixá-la ir, se ainda assim pudesse se confortar no abraço da sua amada, ainda assim... Talvez fosse o certo deixá-la ir. Filhos, amigos, conquistas, dinheiro, soluções, talvez sempre fosse o certo deixá-los ir. Entendido isso, saberia qualquer um, que este homem estava então destinado a abrir mão sem muito questionar, sendo assim para todo a sua breve vida, um ser de muitas perdas.
Sim, ele entendia, mas e então, e o coração? Depois de tantas perdas e de só poder contar com o tempo, esse pobre homem ainda não entendia a presença no peito daquele ritmado batimento. Se a vida o tinha sentenciado a ir deixando os seus pedaços pelas épocas, por que então, aquele ainda assim, não deixava o seu peito em paz? A única partícula, o ultimo fragmento, que o fazia rastejar todas as manhãs e permanecer ali, como quem diz "esse ainda é o meu lugar".
Não tinha mais amigos, nem amores, nem família, enterrara todos, o mais recente nessa ultima manhã. E sentia, por cada um, como se fosse a primeira vez, a primeira dor, a primeira perda. E então, diante desse novo incidente lá estava ele mais uma vez, cético, seco, convencendo-se de que essa seria a ultima vez que se permitiria sofrer. Ali então, ele era a razão, o mais seguro, o mais fraco. Logo em seguida o sentimento, e assim o inicio de um novo ciclo, o acréscimo e a perda.
Era essa então a sua vida, a sua história, e os pedaços que iriam sendo deixado para trás. A experiência de conhecer, a experiência de ter que esquecer. Mas ainda assim, a presença no peito do batimento, para que então ele não pudesse desistir, e seguir, dia após o outro, entendendo que a caminhada só funciona se for assim. A noite indo embora, a chuva chegava ao fim, bom dia, coração! É hora de sorrir!

Um adeus ao quarto, a cama, ao soluços do seu choro, um adeus e a despedida desse seu mais recente (e não o ultimo) pranto.




quarta-feira, 12 de maio de 2010

12 de maio.

Meu medo é o de acreditar na felicidade, meu caro!
E parece que é chegada a hora, a decisão, o ponto entre permanecer com o martírio ou se jogar à oportunidade de sorrir. Minha coragem, meu sorriso tentando ser sincero. A cegueira e a surdez, a necessidade inadiável de esquecer-se, sendo assim não mais eu, mas o que eu pretendo ser. Projetar-se então, sendo eu o que vou ser, sendo não medo, sendo amor.