Há lembranças que a gente nunca viu, lembranças que não nos pertence, mas que diante de sua intensidade nos toca o coração e nos leva a crer que não existiu nada mais bonito.Lembranças são como um retrato, um retrato de um momento que nos faz suspirar mesmo tantos anos depois.
Lembranças são guardadas no peito feito tesouro à sete chaves, e só é assim porque no fim são elas que nos fazem o que somos, o que seremos, e o que já fomos.
E então, após optar por se impregnar das lembranças de alguém, você passa a entender esse alguém de um ponto de vista muito distinto. Porque para você o mundo passou a se organizar de uma forma diferente, e a diversidade desse mundo te parece muito mais fascinante do que antes.
Não importa a lembrança de quem, só importa é que há uma essência. E sendo nossa ou sendo dada, lembrança é feita para sentir, e dar-se a oportunidade de tal nós faz a diferença de uma vida corriqueira ou toda cheia de recordações.
Há lembranças que a gente nunca viu, mas sentiu.
Sentiu porque se permitiu entender que é esse o tesouro dos homens. Aquilo que guardado na mente está, e que apesar dos anos não se muda, não se altera, apenas permanece para fazer entender que a maior qualidade do homem é ser um ser naturalmente cineasta.
É como um retrato, um filme, uma novela diária.
Tantas cenas, histórias, e roteiros sem fim.
Por isso, um homicídio as vezes tão mais culposo é matar uma lembrança. É privar-se de ouvir, nem que por um minuto, aquilo que alguém tem para te contar. Tanto faz a lembrança, antiga ou nova, de ontem ou de amanhã, é raro e exclusivo, e deve-se sempre ouvir atentamente.
Há lembranças que a gente nunca viu, mas sentiu. Sentiu porque transbordava o coração, a alma, e todas as barreiras mais. Sentiu porque um átomo não seria capaz de conter, e porque o tempo(senhor da razão) fez dela uma garrafa de vinho envelhecida, tão mais preciosa, tão mais gostoso de beber.
Lembrança nossa ou lembrança vossa, a certeza é que sempre há, e não importa a circunstância, lembrança é sempre tão lembrança.