Vazio, no momento o toque despedaça os olhos.
Na alma a criança chora, lá fora o homem grita.
Na calmaria das horas as cores vão perdendo o tom, e nas horas vão perdendo o dom.
De tantas faces que não se pode escolher, de tantas dores que não se pode descrever.
Dentro há um poço vazio, o toque de uma gota no chão, o barulho oco, que no eco estronda o horror de um show sem muito sucesso, sem muito glamour.
De tantos casos, o acaso, quem sabe um descaso, para entender que nem sempre há explicação, nem história, nem magia, naquilo que muito planejamos.
Você vira a rua, escolhe a esquina, imagina a visão, mas de repente se dá conta de que nada mais existe. A música no ouvido te diz coisas que você queria acreditar, e instiga o seu inconsciente a se envenenar da droga da ilusão.
Os encontros existem, os momentos também.
Mas nada disso garante que sejam frequentes, nada disso os garante a você.
E talvez seja apenas para provar, sem compromisso, que não importa o que a mente quer entender, existe apenas por vontade do seu dono, do acaso, do destino.
Os momentos existem, a magia também.
Mas nada garante, não está escrito, não está previsto.
Talvez naquela rua, correndo na chuva, talvez você encontre um sorriso, um abraço, uma paixão.
Talvez procurando um táxi você encontre o amor, ou quem sabe esbarre e derrube os livros, os documentos, quem sabe assim um toque seja o suficiente para encantar. Quem sabe...
Mas é entendendo assim que nos damos conta de que talvez tudo isso seja obra do acaso, e que o destino é o ladrão nada honesto que rouba todo o crédito.
Por fim, defendo nesta hora o acaso, que enganado foi.
Estamos andando em todas as direções, e quem sabe, quem sabe, possamos esbarrar com alguém que seja capaz de compartilhar um pouco dessa rara e curta trajetória.
O destino foi o farsante desse episódio, tratando de fazer seu sucesso em cima daquilo que pertencia ao acaso.
E se assim for, entendo que nossa história se faz fruto de uma caminhada, que não se estrutura de um caminho já traçado, mas sim de uma caminhada feita com esforço e dedicação.
E talvez, talvez, os prêmios dos nossos caminhos estejam esperando pelo nosso esforço em caminhar de forma descente e honesta.
Então faço desse o meu tema, o norte dessas palavras tão perdidas e embaraçadas.
Dessa vida bandida e cigana, e de todas as outras tribos que possam se interessar.
A vida é do acaso, e é para ele que o prêmio vai.
No final das contas, depois de muito entender, nos damos conta de que nada dependia das linhas, mas sim do lápis.
Os momentos existem, a magia também, mas tudo depende daquilo que você constrói, enquanto as palavras vão ficando soltas como tudo aquilo que permanece lá fora, tudo vai se embaralhando até que você merece, você chegou.
Um esbarrão, um encontro, é o fim, o começo, quem sabe...
Você merece, você escreve, você entende.
O destino, grande sacana, enganando aqueles que entendem de ilusão.
Sobre desentender. Distorcer.
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