"Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante" era o que já dizia Raul Seixas, e sem pensar duas vezes, era umas das frases mais metafóricas e características da minha vida. Porque, na minha concepção, um ser humano não vive sem mudanças - e não vive mesmo, eu é que retrocedi.
Porque agora eu me pergunto: "e se tudo parecia perfeito, por que então mudar?". Não que tenha sido uma opção, na verdade, as mudanças dos últimos meses foram compulsórias, sem muito me perguntar, meio que já entendendo que eu iria evitá-las até o último minuto. Fui empurrado em direção a esse abismo de transformações, e através de experiências totalmente novas fui provando sentimentos, sensações, informações... Boas ou ruins, mas novas informações, sensações, sentimentos.
Tudo parecia tão bom, que agora eu já pensava: "olha, numa boa, vamos deixar tudo isso intocável, nada de mudanças". Porque o "maluco beleza" aqui estava, pela primeira vez, se prendendo a intensidade das coisas, entendendo a perfeição dos momentos. Largou a filosofia, aproximou-se do coração e deixou-se transparecer humano. Maluco beleza... Quem diria!!
E aqui, em frente ao espelho, eu penso comigo mesmo: "eu poderia voltar, poderia reviver, e poderia viver todos os próximos dias das mesmas lembranças". Porque essa nostalgia é tão bonita, é tão intensa... Sinto os cheiros, sinto as cores, sinto as dores, sinto a alegria.
O "maluco beleza", ao que tudo indica, foi embora, e é por isso que agora sentado em frente a esse espelho, esse "careta" que vos fala, tenta incansavelmente reconhece-se, resgatar algo que o faça lembrar de quem ele era, porque nada, até agora, parece tão bom quanto antes.
É tão absurdo, tão inaceitável que agora tudo seja tão diferente. Só alguns meses, só algum tempo, e esse cara na frente do espelho é um desconhecido. Um desconhecido que está aprendendo - mais uma vez - a lidar com raiva, com dor, com felicidade, com alegria, com sentimentos... Desajeitado, perdido, aprendendo a manusear o próprio corpo, a própria mente.
E as pessoas? As adoráveis companhias que ficaram no tempo? Será que agora eles vão continuar gostando desse homem? Homem que hoje não é capaz nem de se reconhecer. Porque eles se apaixonaram, gostaram, amaram aquele, daquele tempo, e se essa metamorfose ambulante continuar ambulante, como é que eles vão se capazes de se apaixonar tantas e tantas vezes? Esse homem careta faz essas perguntas, esse homem careta se faz perguntas, e é por isso que hoje a mudança parece tão diferente.
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