Ziguezagueando pela mente o agrupado de ideias, a sincronia que se abstrai.No espelho o reflexo do que jamais se completa, é a sincronia que ainda assim se abstrai.
Começo, meio... e a ausência da última peça do quebra-cabeça. Ao alcançar os oitenta por cento, se dá conta de que no jogo falta a última parte que raciocínio algum desvenda. Chama os amigos, levanta debates, ouve atenciosamente os palpites alheios, se pergunta e se deixa perguntar, e mesmo assim, oitenta por cento.
O que é a totalidade das coisas? Se não uma resposta insuficiente?
Tomando como exemplo; essa alegria, esse sentimento que precisa ser gritado. O que seria da alegria, se fosse presente nessas ocasiões a memória impecável de um elefante? Porque é inegável o fato de que essa felicidade instantânea se dá por ignorar os fatos antes tão lamentáveis.
A totalidade das coisas está em entender o surreal, pois como tal, não existe. Somos sempre oitenta por cento, incompletos, mas suficientes. Somos uma ínfima parte do cérebro, somos incapazes de ver o universo por um todo. Fazemos o bem pela metade, o mal na sua superficialidade, e agimos com metade da vontade.
A totalidade das coisas não existe, meu caro!
Um homem não é bom em sua totalidade, assim como o mundo não é água em sua totalidade. Como as aves não têm um canto bonito em sua totalidade, e como o mundo abissal está longe da nossa noção de um todo. E é por isso, só por isso, que não conseguimos - nunca - ter o nosso melhor, o nosso total. Porque todas as outras coisas a nossa volta não estão completas, e estando incluídos nesse mundo, também não podemos estar.
A totalidade das coisas é mascarada pela nossa ambição, e quando acreditamos alcançá-la porque chegamos ao meu cargo de uma empresa, ou ao encontrar o amor, nos damos conta de que ainda existem os outros vinte por cento, que de alguma forma, se escondem e se camuflam entre os caminhos da vida.
Mas sabe, se não fosse essa falta que sempre existirá, não teríamos a necessidade de estar aqui. O mundo seria total por si só, sem buscar explicações, sem dever satisfações.
E então, a totalidade das coisas só não existe pela presença (ainda não total) da raça humana.
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