domingo, 26 de setembro de 2010

sobre tantos e poucos.

Ziguezagueando pela mente o agrupado de ideias, a sincronia que se abstrai.No espelho o reflexo do que jamais se completa, é a sincronia que ainda assim se abstrai.

Começo, meio... e a ausência da última peça do quebra-cabeça. Ao alcançar os oitenta por cento, se dá conta de que no jogo falta a última parte que raciocínio algum desvenda. Chama os amigos, levanta debates, ouve atenciosamente os palpites alheios, se pergunta e se deixa perguntar, e mesmo assim, oitenta por cento.

O que é a totalidade das coisas? Se não uma resposta insuficiente?
Tomando como exemplo; essa alegria, esse sentimento que precisa ser gritado. O que seria da alegria, se fosse presente nessas ocasiões a memória impecável de um elefante? Porque é inegável o fato de que essa felicidade instantânea se dá por ignorar os fatos antes tão lamentáveis.
A totalidade das coisas está em entender o surreal, pois como tal, não existe. Somos sempre oitenta por cento, incompletos, mas suficientes. Somos uma ínfima parte do cérebro, somos incapazes de ver o universo por um todo. Fazemos o bem pela metade, o mal na sua superficialidade, e agimos com metade da vontade.

A totalidade das coisas não existe, meu caro!
Um homem não é bom em sua totalidade, assim como o mundo não é água em sua totalidade. Como as aves não têm um canto bonito em sua totalidade, e como o mundo abissal está longe da nossa noção de um todo. E é por isso, só por isso, que não conseguimos - nunca - ter o nosso melhor, o nosso total. Porque todas as outras coisas a nossa volta não estão completas, e estando incluídos nesse mundo, também não podemos estar.

A totalidade das coisas é mascarada pela nossa ambição, e quando acreditamos alcançá-la porque chegamos ao meu cargo de uma empresa, ou ao encontrar o amor, nos damos conta de que ainda existem os outros vinte por cento, que de alguma forma, se escondem e se camuflam entre os caminhos da vida.

Mas sabe, se não fosse essa falta que sempre existirá, não teríamos a necessidade de estar aqui. O mundo seria total por si só, sem buscar explicações, sem dever satisfações.
E então, a totalidade das coisas só não existe pela presença (ainda não total) da raça humana.

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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A-lugar algum.

Não adianta chorar, você pediu.
Não adianta se conter, você se expôs.
Não adianta tentar não sentir, você se permitiu a mortalidade.

Esse coração que agora insiste em bater - e que no peito ritmado continua, celebrando sozinho essa liberdade -, esse coração que é seu, assim como dele é você também, marca na pele feito tatuagem o que verdadeiramente é.

Agora tente não se conter, permita-se sentir, e aceite o pranto.
Não como um castigo imposto pela necessidade de se deixar vulnerável, mas como a dádiva de sorrir e chorar. A sensibilidade de existir, e, como poucos, viver.
Agora, habilitado a respirar sem medo, estampe o sorriso, destile a felicidade, e entenda que hoje és um homem completo, cheio de sentimentos.

E sim, o que está sentindo é dor, aliada ao medo e a dúvida. Não... não precisa tentar reprimir essa erupção que começa a dar sinais ai dentro, liberte a dor, grite-a para o mundo inteiro, esbraveje e diga que ela é sua (como és dela também). Viva esse sentimento também, porque ele é vida, assim como a vida é dele também.

Vai passar, a parte boa é que no final das contas irá melhorar. E você será outra vez mais forte, outra vez mais vivido, muito mais interessante de se conhecer. As histórias, As cicatrizes, fazem de nós homens mais interessantes...


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