Sabe... Eu não tenho, e nem posso ter vergonha do que sou.
Não é que seja uma questão de escolha, é que eu estou destinado a não ter.
Porque no final das contas, apesar de todos os pesares, das palavras, dos olhares, de todas as promessas ou de tudo mais... Eu só tenho a mim.
Só tenho a mim para dizer palavras bonitas,
para escolher entre bem e o mal,
para escolher as razões para sorrir,
para escolher os momentos que irei viver.
E no final das contas só eu irei saber onde dói e onde sofre. Só eu saberei onde faz mal, ou onde faz bem.
E é pensando assim, que mesmo sendo deixado na mão tantas vezes, mesmo tropeçando por não ter em quem segurar, mesmo depois de tudo isso, eu não baixo a cabeça.
Parece um fardo grande demais, parece que as vezes vai apertar tanto que eu não vou nem conseguir respirar. E é sufocante, porque no final das contas, nada evolui, nada muda. Esse filme fica sempre voltando, e voltando, e eu sendo um telespectador sem escolha.
De certa forma é revoltante, quando depois de tantos anos eu olho, e ainda tenho que ver a negação das pessoas. Porque elas não entendem, não é?
Não entendem que a dor eu tratei,
que o sofrimento eu senti,
que o pranto eu vivi,
que as ofensas eu ouvi,
e que no final das contas eu nada fiz para ter que aceitar tudo isso.
Eles não entendem, não é?
E é por isso que depois de tanto tempo, depois de tanta luta, eu ainda tenho que acordar e me falar até que o pensamento se cale. "Você é um bom homem."
É, eu sou. Mas é que às vezes é difícil demais acreditar nisso, já que me dizem, e me julgam todos os dias, me fazendo acreditar que eu fiz mesmo algo de errado.
Errado por nascer?
Errado por viver?
~
Não, eu não vou entrar nessa paranóia.
Vocês vão precisar de muito mais.
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